O oídio da vinha
O oídio encontra-se presente em todas as regiões vitícolas de Portugal, e é uma doença com muita importância em várias destas regiões, perdendo alguma relevância noutras.
No entanto, o oídio da vinha é uma doença bastante problemática que, uma vez instalada é de difícil irradicação, podendo ser elevados os danos e prejuízos que provoca na cultura.
O oídio da videira é causado pelo fungo Uncinula necator (Schw.) Burr. (Syn. Erysiphe necator Schw.), um fungo ectoparasita, cujo micélio se desenvolve sobre todos os tecidos verdes da planta.
O fungo (Uncinula necator) hiberna sob a forma de micélio nos gomos (fase assexuada), responsável por sintomas mais precoces e é menos agressivo, ou em cleistotecas nas folhas e varas que permanecem no solo ou no ritidoma das cepas (fase sexuada) que normalmente desenvolve sintomas mais tardiamente na vinha e é de mais difícil controlo.
Reunidas as condições ambientais favoráveis, as cleistotecas germinam e dá-se a libertação dos ascos com os ascósporos, que se depositam sobre os órgãos verdes da videira, provocando as infeções primárias.
Estas contaminações começam usualmente entre o estado fenológico de cachos visíveis até à floração. No entanto, os sintomas normalmente são visíveis de forma mais clara mais tardiamente, nos estados de bago de chumbo e bago de ervilha.
Condições favoráveis
As condições favoráveis à ocorrência da doença são temperaturas entre os 15ºC e os 30ºC (com o ótimo entre 25ºC e os 28ºC) e humidades relativas entre 25% e 100%.
A disseminação do fungo é inibida pela presença de água livre na superfície das folhas, ou seja, são favoráveis períodos sem chuva, mas em que o ar mantenha a humidade. Assim, são benéficos dias nublados, com manhãs de elevada humidade relativa, seguidas de períodos de sol com temperaturas elevadas.
Outras condições favoráveis à ocorrência deste fungo são também a existência de luz difusa e excesso de vigor vegetativo da cultura.
Um outro fator prende-se com o facto de diferentes castas terem sensibilidades distintas a esta doença, o que faz com que potencialmente os ataques possam ser mais severos em algumas variedades.
O historial da parcela em relação à doença é determinante, isto é, a intensidade dos ataques em anos anteriores favorece e potencia o aparecimento da doença no ano seguinte.
Sintomas e prejuízos
O oídio pode atacar qualquer órgão verde da planta: folhas, pecíolos, sarmentos, gavinhas, inflorescências, cachos.
As folhas apresentam um micélio cinzento-esbranquiçado na página superior ou em ambas as páginas; demonstrando um aspeto crispado.
Os sarmentos desenvolvem manchas de cor castanho-escuro ou negro. Neste caso, as varas na poda possuem uma cor branca com um pontilhado negro, o que demostra a presença de cleistotecas.
Em algumas situações, os pâmpanos desde o seu abrolhamento podem apresentar um atraso no crescimento e apresentar-se crespados e esbranquiçados, estes sintomas designam-se por oídio-bandeira e tem origem em gomos infetados, resultante da reprodução assexuada do fungo.
As inflorescências apresentam um micélio branco acinzentado que conduz posteriormente ao dessecamento dos botões florais.
Os cachos ficam cobertos de um micélio cinzento-esbranquiçado sobre os bagos já desenvolvidos podendo provocar a rachadura dos bagos.
Desta forma, os prejuízos mais graves verificam-se nos cachos, uma vez que o ataque de oídio promove a paragem de crescimento da pele dos bagos, que acabam por rachar, ficando as grainhas visíveis, e tornando-se uma entrada para a instalação da Botrytis sp.. Consequentemente ocorrem perdas de quantidade e qualidade na colheita, com efeitos negativos na qualidade dos mostos; uma vez que interfere nas características organoléticas dos vinhos.
Para além desta situação poderá ocorrer ainda uma diminuição dos crescimentos e do vigor das plantas, um deficiente atempamento das varas e um limitado abrolhamento no ano seguinte, o que se traduz numa consequente diminuição da produção.
Medidas preventivas
No entanto, existem inúmeras medidas preventivas que podem ser implementadas de forma a diminuir as condições de ocorrência da doença:
- Utilizar material vegetal são nas novas plantações;
- Utilizar castas menos suscetíveis à doença;
- Planificar uma boa rede de drenagem para as novas plantações de forma a evitar zonas alagadas nas parcelas;
- Realizar regas adequadas;
- Evitar a aplicação de fertilizantes que promovam excessivamente o crescimento vegetativo;
- Promover um bom arejamento da cultura, através de um sistema de condução e operações culturais que evitem o ensombramento dos cachos (desfolhas) e ocorrência das condições mais favoráveis ao desenvolvimento da doença;
- Utilizar produtos preventivos que possam ajudar a planta a desenvolver resistência ao ataque do fungo.
Ao contrário do míldio, esta é uma doença de maior dificuldade de previsão de risco por modelos. Desta forma, deve-se apostar na prevenção da doença, principalmente em parcelas com historial de ataques do fungo e em castas mais suscetíveis.
Equistun
Equistun é um produto elaborado à base de Equisetum arvense L., conhecido também como cavalinha, pinheirinha, entre outros nomes comuns (Nº CAS: 71011-23-9). Este produto encontra-se aprovado como Substância de Base de acordo com o Reg. 1107/2009.
Desta forma, este produto pode ser aplicado quer em Modo de Produção Biológico, como na agricultura convencional. É ainda um produto que pode ser aplicado inúmeras vezes, sem se correr o risco de criar algum tipo de resistências.
O Equisetum arvense L é um arbusto perene pertecente à família das equisetáceas, que apresenta um caule rizomatoso e está distribuído pelo hemisfério norte. É uma planta rica em silício (10-25% MS) em forma de nanopartículas de silício (SiO2). Além disso, também é caracterizado pelo seu conteúdo em flavonóides, como os ácidos hidroxicinámicos (ácido cafeico e ácidos fenólicos), compostos que possuem uma atividade antimicrobiana e antifúngica.
Equistun fortalece os mecanismos de defesa das plantas frente a fungos patógenos. O silício presente no Equistun confere rigidez à parede vegetal, dificultando as infecções causadas por fungos. Para além disto, graças ao seu cuidadoso processo de extração, Equistun apresenta na sua composição química estirilpironas, que formam parte da composição química dos fungos, desencadenando na planta uma resposta defensiva através destes metabolitos.
A inclusão deste produto no plano de tratamentos da vinha é uma solução sustentável, sem intervalo de segurança e que permite um posicionamento durante todo o ciclo da cultura, inclusive próximo à data de colheita, para um problema transversal à viticultura.
Fontes:
http://www.drapc.gov.pt
http://www.drapn.mamaot.pt